1.º Encontro dos Povos de Terreiro em Itanhaém/ SP 

Neste sábado (10/12/2022) os Povos de Terreiro do Estado de São Paulo, reuniram-se com objetivo de falar sobre a saúde nos Terreiros: Direitos e Deveres de cada sacerdote. Na oportunidade foi pautada a legislação que ampara a proteção aos templos, os procedimentos para legalização de espaços de Matriz Afro-brasileira, Responsabilidades e Incumbências -O poder de escolher e de guiar nosso caminhar.

         O encontro pautou as iniciativas de manutenção e o resgate dos povos ancestrais e a difusão e visibilidade para promoção das religiões de Matriz Africana. Neste espaço de troca foi elucidado as Leis que fundamentam a Liberdade Religiosa de crença e culto, garantida pela constituição Federal ( art 5. Inciso VI), O estatuto da Igualdade Racial ( Lei nº12.28810 ), no decreto Federal n.6040/2007 da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidade Tradicionais e na Lei Federal n.º 7.716/ 1989 que define como crime de racismo o ato de praticar, induzir ou incitar a discriminação motivada por crenças religiosas.

         A iniciativa vislumbra contribuir para proteção legal e garantia de direitos historicamente conquistados por movimentos sociais. Visando  o enfrentamento dos crimes de Intolerância Religiosa que se perpetuam em nossa sociedade frente ao crescimento desordenado das religiões Neopentecostais.   

Dia “D”: Valorização e Respeito da Cultura Negra

A Escola Ana Cândida, promoveu na data de 18/11 o dia “D”: Valorização e Respeito da Cultura Negra em celebração ao mês da Consciência Negra  e em consonância com a lei 10.639/ 2003 que garante o estudo sobre a História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indigena no currículo oficial da Rede de Ensino de todo país incluindo, escolas públicas e particulares. A inserção da lei que a 19 anos, garantiu a inclusão de debates entre os educadores e gestores de políticas públicas de educação em todo território nacional, contribui para visibilizar a história dos povos que foram escravizados. 

O conteúdo programático do ensino médio e fundamental passou a incluir o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil. Conforme dispõe a lei, esses conteúdos devem ser ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, mas especialmente nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras. 

O que é educação antirracista?

  Educação antirracista é uma ação que visa inibir a disseminação de falas racistas e discriminatórias associadas à cor da pele, somada a valorização de diferentes culturas africana e indigena, visando a proteção de jovens e crianças vítimas do racismo desde a tenra infância. 

“Adotar a educação antirracista na escola significa rever escolhas que dizem respeito não apenas a atividades extracurriculares ou comemorativas. É preciso ressaltar a diversidade nas representações em livros, murais e brinquedos, por exemplo. É um cuidado que começa no espaço, no currículo, nas metodologias e na formação docente da Educação Infantil.” ( por Equipe Lyceum)

Neste evento ocorreu a Palestra: Identidades Culturais Brasileiras ministrada pela Prof.ª Poliana Nascimento, graduada em Língua Portuguesa, História e Pedagogia. Pós graduada em Legislação Educacional e Cultura Africana. Codeputada estadual Eleita pelo Movimento das Pretas do PSOL. Desfile de vestimenta que influenciaram a cultura brasileira, Roda de capoeira, Construção de um painel coletivo de conscientização, Teatro com a turma Galpão:  –  “Menina pretinha linda.”

6ª. Marcha da Consciência Negra da Baixada Santista

Mongaguá contou com a 6ª Marcha da Consciência Negra da Baixada Santista que aconteceu no dia 20 de novembro de 2022. A largada ocorreu na Praça Dudu Samba, no Centro. O percurso contemplou as vias: Avenida Mário Covas Jr. Rua Iolanda Ferrigno, Avenida São Paulo, Avenida Getúlio Vargas, Avenida Marina e Rua Brasília Teixeira Seckler.

Cultura na praça – Ao término, houve intervenções culturais, com exposição de empreendedores negros, na Praça Fernando Arens (Centro). O evento foi organizado por diversas entidades ligadas ao movimento negro e contou com o apoio da Prefeitura de Mongaguá.

Fotos por Day Rodrigues

Espetáculo infantil “Quizumba” chega em São José do Rio Pardo para apresentar artistas negros da palhaçaria !

Espetáculo infantil “Quizumba” chega em São José do Rio Pardo para apresentar
artistas negros da palhaçaria que abriram os caminhos do circo no Brasil.

Em nova temporada, agora com a Indômita Cia de Circo e Teatro, o espetáculo infantil Quizumba se apresenta pela primeira vez em São José do Rio Pardo, na Fábrica de Expressão, no dia 11 de novembro. O convite é um mergulho nos números circenses e autorais da Loi Lima, através da palhaça Ursa Maior, que rememora a trajetória de quatro artistas negros do riso importantes para a história do circo brasileiro, mas que sofrem de um apagamento profundo no Brasil: Benjamin de Oliveira, João Alves. Marina de Oliveira e Maria Eliza Alves.

De maneira lúdica, divertida e poética, dialoga com todas as idades, das crianças aos adultos, uma vez que apresenta o caminho de volta, aquele de encontro à ancestralidade e de encontro aos que vieram antes.

E dessa vez, o circo chega na cidade com uma mulher negra no centro do picadeiro, conduzindo o riso através da palhaçaria, adicionando mais uma página na história que a anos vem sendo escrita, mas não possui tantos registros. “Descobri que Dona Maria Eliza, o importante palhaço Xamego, nasceu em São José do Rio Pardo e já se apresentou aqui. São quase 100 anos que nos separa. Sinto que tenho mais propriedade para ocupar esse espaço cênico. Quando você tem lastro, respaldo, você consegue andar muito mais longe”, conta Loi Lima.

“O Quizumba em especial, trás essa gira, esse ciclo, essa ideia de que não existe fim, e que na nossa construção é começo, meio e começo. Estou falando para as crianças sobre a trajetória e importância dos mais velhos, apresentando a circularidade”, conta Loi Lima.

Loi Lima, pesquisa e desenvolve esse espetáculo desde 2017, com estreia em 2019 e agora, reestreia em 2022, em busca do fortalecimento de uma infância preta emancipadora e de uma infância branca antirracista.

“Quando eu era criança, eu gostava muito de ir ao circo, mas eu tinha muito medo da exposição que o palhaço me podia causar. Lembro que as crianças negras, como eu, eram sempre alvos dos palhaços, dos circos pequenos de bairro, e eu que sempre gostei muito, sentava nas últimas fileiras, lá atrás, pra não correr o risco. Ser uma palhaça negra, estarem cena, conversando com crianças negras, dialogando com a infância negra, me trás essa possibilidade de usar o humor não de forma opressora, mas de maneira libertadora”.

Com todo esse repertório, Ursa Maior chega com seu circo e arma a maior Quizumba junto com Solange, sua capivara de estimação, trazendo para a cena números de palhaçaria, manipulação de bonecos e músicas, com magia, mistério e eventos sobrenaturais que versam sobre a importância da memória e da ancestralidade na formação de referencial, pertencimento e autoestima do indivíduo em sua infância.

Esta palhaça carrega e divide o seu grande tesouro: aqueles e aquelas que vieram antes e abriram os caminhos para o riso que liberta.

Serviços

11 de novembro de 2022 às 19h30 Fábrica de Expressão

Endereço: R. Francisco Glicério, 64 – Centro, São José do Rio Pardo – SP, 13720-000

Entrada gratuita

Classificação: Livre

Duração: 50 minutos

Dia da Mulher Negra, Latino-americana, Indígena e Caribenha!

Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana, Indígena, Caribenha e da Diáspora, celebrado no mês de Julho, O projeto: Afroativismo Digital + AFROITA, PROMOVE: Roda de Conversa – Mulheres da Periferia, Vozes e Versos. Na oportunidade será exibido o documentário: Nós, Carolinas – Vozes de Mulheres da Periferia. O evento integra as comemorações do Julho das Pretas, organizado Pela Marcha de Mulheres Pretas de São Paulo. #JULHODASPRETAS

Roda de conversa com exibição do documentário: Nós, carolinas- vozes de mulheres da periferia. Uma senhora cheia de memórias sobre o interior de São Paulo. Uma menina que se orgulha de seu cabelo black-power. Uma mulher que voltou a estudar depois dos 50 anos e uma arte-educadora que dribla o tempo para conciliar maternidade e sua vida pessoal. Todas elas unidas por uma mesma geografia: a periferia da cidade de São Paulo. “Nós, Carolinas” traz as vivências e vozes de quatro mulheres que moram em diferentes bairros: Parque Santo Antônio, zona Sul; Jova Rural, zona norte; Perus, região noroeste e Guaianases, na zona leste. Joana Ferreira, Carolina Augusta, Renata Ellen Soares e Tarcila Pinheiro falam o que é ser mulher da periferia em cotidianos particulares, mas conectados pelo recorte de classe, raça e de gênero.  Assim como a escritora Carolina Maria de Jesus, que encontrou na escrita um instrumento para superar sua invisibilidade, essas outras Carolinas também invisíveis aos olhos do centro, usam a potência de sua voz para romper silêncios.

O Dia da Mulher Negra Latina Americana e Caribenha, memorado em 25 de julho, reforça a luta histórica das mulheres negras por sobrevivência em uma sociedade estruturalmente racista, misógina, machista, e nos faz refletir sobre a vida dessas mulheres. Lembremos da líder quilombola Tereza de Benguela, símbolo de luta e resistência da comunidade negra e indígena, que representava, enfrentando a escravidão por mais de 20 anos. Em seu nome e de tantas mulheres que foram e são importantes para nossa história, é que também seguimos. Mais da metade da população brasileira é negra, segundo dados do IBGE, e em especial as mulheres negras protagonizam os piores indicadores sociais do país.

De acordo com o Atlas da Violência de 2019, 66% de todas as mulheres assassinadas no país naquele ano eram negras. Além disso, 63% das casas chefiadas por mulheres negras estão abaixo da linha da pobreza, de acordo com a última Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE. Contudo, uma vez garantida a vida e superada a miséria, os desafios continuam.

Apesar de, pela primeira vez, os negros serem maioria nas universidades públicas, como aponta a pesquisa “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil” do IBGE, mulheres negras ainda recebem menos da metade do salário de homens e mulheres brancas no Brasil, independente da escolaridade. E são a principal vítima de feminicídio, das violências doméstica, obstétrica e da mortalidade materna, além de estarem na base da pirâmide socioeconômica do país.  Fonte: Pastoral Carcerária – Em Mulher Encarcerada, Notícias.

 Pela 7a vez, a MARCHA DE MULHERES NEGRAS DE SÃO PAULO organiza a celebração do dia 25 de julho, Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e de Tereza de Benguela, após um hiato de 2 anos realizando a marcha de forma virtual, por conta da pandemia que devastou o país e o mundo.

Programação dia 20/07/22: Roda de Conversa – Mulheres da Periferia, Vozes e Versos.

  1. Exibição do documentário- Nós, Carolinas!
  2. Roda de Conversa
  3. Coquetel de encerramento

Data: 20 de Julho

Horário: 13h

Local: CRAS América – Rua Las Vegas, 20

Apoio: Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, Secretaria de Educação, Cultura e Esporte, Teia Caiçara e Prefeitura de Itanhaém.

TODXS Embaixadorxs 2022

Ainda existe uma ideia pré-determinada e muito limitada de quais espaços pessoas LGBTI+ estão destinadas a ocupar. Mesmo que hoje avancemos de forma mais constante, os desafios existem para a comunidade, que deseja ir muito além das caixas que nos foram designadas.

Quando falamos em espaços de liderança, essa realidade se torna ainda mais palpável, já que cargos de gestão ainda são majoritariamente ocupados por homens cis, brancos e heterossexuais.

Por isso criamos o programa TODXS Embaixadorxs: para que jovens líderes LGBTI+ tenham um espaço seguro para desenvolver suas habilidades de liderança em prol do nosso objetivo comum de tornar o Brasil um país livre de discriminação.

O Programa TODXS Embaixadorxs capacita e conecta lideranças LGBTI+ de todo Brasil com um processo de cinco meses de oficinas e diálogos sobre assuntos e pautas da militância LGBTI+.

Ele também é composto de oficinas de ferramentas de projetos e mentorias para que cada pessoa formule e coloque em prática novas ideias que funcionem em prol da comunidade.

As pessoas embaixadoras de 2022 irão participar conosco de um processo de cinco meses de oficinas, mentorias, e outras atividades com pessoas facilitadoras, escolhidas a dedo, para ajudar a criar e desenvolver projetos ao longo do programa.

Esse aprendizado todo vai resultar na criação de um projeto que impacte positivamente a comunidade.

A ideia que você decidir desenvolver no Embaixadorxs pode se aplicar a qualquer espaço! Uma ONG, um evento, coletivo ou negócio social.

O espaço será seu para decidir qual maneira de impactar e empoderar LGBTIs está mais alinhada com quem você é.

Jornada de Embaixadorxs é divida em quatro etapas, e no final haverá o evento mais importante do Programa: o último encontro virtual com todes es Embaixadorxs!

O Embaixadorxs tem como principal objetivo formar, conectar e engajar jovens LGBTI+ para multiplicarem a causa no Brasil. Queremos ajudar a multiplicar lideranças LGBTI+ de impacto no País.

II Festejo Raízes do Riso exalta comicidades negras em confluência aos saberes indígenas !

O espaço formativo Terreiros do Riso anuncia o festival “II FESTEJO: RAÍZES DO RISO”, entre os dias 5 e 11 de abril, que tem como fundamento a alegria das mais diversas produções culturais negras em confluência aos saberes indígenas. Reúne mais de 70 pessoas, entre artistas do riso, grupos tradicionais, palhaçes, mestris, professoris, pensadoris, pesquisadoris, músices, dançarines, referências e vozes que atuam na contramão da visão euroreferenciada sobre riso, alegria e comicidade e enaltecem expressões diaspóricas, originárias e contemporâneas, pouco reconhecidas nas academias, nos espaços formativos e mercado cultural.

Esses sete dias serão suleados pela oralidade, ferramenta de expressão e conexão de uma geração a outra, e pela estética criativa da comicidade ancestral. A memória e a força dos saberes tradicionais serão acionados para fortalecimento do riso e da alegria como orientadores da luta, resistência, denúncia e celebração negra no Brasil. Exu, o senhor das encruzilhadas, responsável por transportar o axé, é guia nessa jornada, atuando também como modo de pensamento e fundamento epistemológico e filosófico.

“Quando percebemos alegria como um fundamento ético, presente na sabedoria afro-diaspórica e indigena, estamos falando de cura. Não a cura como a ciência ocidental fomenta, mas sim uma sabedoria ancestral, uma cura que sustenta e firma nossa alma”, conta Vanessa Rosa, idealizadora e produtora do Festejo.

O burburinho de abertura será regido por Vanessa Rosa, o Xirê de Abertura conta com as participações do Babalorixá Rodney William – “Exu é Alegria” e o Professor Muniz Sodré – “Alegria é Regência”. Quem fecha o primeiro dia são as Pastoras do Rosário com o show “Pastoras do Rosário em Libertador”. O festejo também terá a honra de receber Monilson Santos, Fabio Soares, Mestre Martelo, Mestre Zelão, Coral Amba Vera, Família Xamego, Rainhas do Radiador, Cia Catappum, Guerreiro Santa Madalena, Saloma Salomão,

Nirlene Nepomuceno, Cibele Mateus, Jongo de Tamandaré, Deise de Brito, Bartira Menezes, Cristiane Rosa, Yakuy Tupinambá, Dona Didi, Carolina Ferreira, Lilyan Telles, Luz Cabloca, Mafá Santos, Raquel Franco, Familia Menezes, Terreiro Encantado, Gê de Lima, Danna Lisboa, Mestra Aurinda do Prato. e educadores do Centro de Educação e Cultura Indígena Tenondé Porã.

O evento é totalmente online e gratuito, com a transmissão das oficinas, rodas de conversa, exibição de documentário, brincadeiras tradicionais, espetáculos e shows de circo, teatro e música através das plataformas digitais do Terreiros do Riso. A programação completa pode ser conferida no Instagram.

Sobre o Terreiros do Riso

Com a matrigestão de Vanessa Rosa, educadora, artista do riso, atriz e produtora, Terreiros do Riso é um espaço de experimentação no campo da alegria como fundamento-ético, do riso e das comicidades afro-diaspóricas, afro-indígenas e dos saberes da periferia, ligada a região do Grajaú e Cidade Dutra – Extremo Sul de São Paulo, local onde Vanessa inicia sua caminhada nas artes em 2004. Em diálogo constante com o território, desenvolve processos formativos para adultos e crianças fincado no desejo de transmitir ensinamentos ancestrais e referências cômicas afro-indígenas e periféricas.

Serviço

Evento II FESTEJO: RAÍZES DO RISO

De 05 a 11 de abril

Online, via Facebook, Youtube e Instagram do Terreiros do Riso Classificação indicativa: livre


Inconfissões

Na mesa
Na cama.
Na parede, na rede, na grama
Na praia, no barco, na pedra
Transbordo, transpiro.
Transito, Transcendo .
Tranquila, Ascendo.
Em brasas, Em transe ,
Prazer que se expande
A carne, aperto.
Em cheio, acerto.
A mão sob a roupa
Daqui, não confesso…

Berenice Torres

Pedagoga, educadora e mestra em Educação: Currículo, pela PUC/SP.
Pós- graduada em História da Arte e Musicalização Infantil.

https://www.instagram.com/berenice.bere.torres

Manifesto da Marcha das Mulheres Negras 2020!

Nem cárcere, nem tiro, nem Covid: corpos negros vivos!

Por nós, por todas nós, pelo bem viver!

Mulheres negras e indígenas!

Nós, mulheres negras, indígenas e imigrantes, reunidas neste 25 de julho de 2020, viemos, mais uma vez, denunciar o racismo do Estado brasileiro contra nossos corpos. A data marca o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha e o Dia Nacional da Mulher Negra criado no Brasil em homenagem à quilombola Teresa de Benguela. Estamos juntas e unidas lutando por nós, por todas nós, pelo bem viver e contra o genocídio do povo preto, povos indígenas, LGBTQIA+ e contra todas as formas de opressão.

Em 2015, tomamos as ruas no dia 18 de novembro para realizar, em Brasília, a Marcha das Mulheres Negras – Contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver, que reuniu cerca de 50 mil mulheres negras de todos os recantos do Brasil. Hoje celebramos os 5 anos da Marcha, um marco político e organizativo da luta das mulheres negras.

Em São Paulo, também temos celebrado a data, em Marcha, e desde 2016, reunimos mais de 15 mil mulheres negras que tomaram as ruas da cidade celebrando também este legado! Demonstrando nossa indignação, mas também nossa força, reafirmando nossa luta e solidariedade à todas mulheres que engrossam cada vez mais o coro pelo Bem Viver.

Em 2020 realizamos nossa 5ª Marcha das Mulheres Negras de São Paulo, agora de maneira virtual em função do COVID-19 e apresentamos, para a sociedade, questões que nos afetam diretamente e que queremos ver enfrentadas por todas as pessoas que acreditam num novo projeto democrático de país.

Reivindicamos o Bem Viver por ele resgatar as formas ancestrais de gestão do coletivo e do individual, com respeito aos nossos corpos e à natureza. Exigimos outra economia, sustentada nos princípios de solidariedade, reciprocidade, responsabilidade e integralidade.

No Brasil, a pandemia escancarou as desigualdades econômicas, sociais e raciais. A crise sanitária mostrou que o racismo estrutural impõe à população negra a maior vulnerabilidade diante da COVID-19, pois é esta parcela da população que segue sem acesso aos direitos básicos de saúde, saneamento, educação e moradia, particularmente, mulheres negras, pobres e trabalhadoras informais.

Enquanto a elite e parte das classes médias puderam – e seguem – trabalhando de casa com todos seus direitos assegurados, milhares de trabalhadoras e trabalhadores negros, pobres e periféricos que já ocupam postos de trabalhos precarizados não puderam cuidar de sua saúde e proteger seus familiares. As crianças e jovens pobres e periféricas foram profundamente afetadas pela política educacional que não levou em conta a falta de condições e equipamentos básicos para que elas pudessem continuar estudando e se formando.

Nesse contexto, milhares de trabalhadoras domésticas também foram obrigadas a continuar trabalhando na casa grande moderna sem nenhum dos seus direitos e conquistas respeitados. Lembramos de Mirtes Renata obrigada a trabalhar durante a pandemia e levar seu filho, o menino Miguel de 5 anos, para a casa da patroa Sari Corte Real que o abandonou no elevador, ocasionando sua morte num trágico e evitável episódio, em Recife.

São as mulheres negras e pobres, trabalhadoras informais as que têm sua condição agravada, pois além de estarem nas ruas, batalhando pelo sustento da família, assumem os cuidados com a casa, com as crianças, idosos, e doentes próximos. E ainda têm enfrentado o aumento da violência doméstica em níveis alarmantes durante a pandemia.

O autoritarismo e o racismo institucional não apenas crescem como seguem referendados pela política genocida do Estado, que investe toda sua força policial em intervenções em favelas e comunidades matando indiscriminadamente e provocando um verdadeiro genocídio contra a população negra, principalmente a sua juventude.

Vivemos um momento em que os direitos humanos, direitos sexuais e direitos reprodutivos sofrem ataques por parte de setores conservadores onde as mulheres, trans, travestis, lésbicas têm sido os principais alvos. Potencializados pelo discurso de ódio, têm provocado o aumento de violências, agressões e feminicídios.

Na saúde, o racismo institucional se revela por uma divisão desigual de acesso e tratamento dentro do sistema, resultado expresso em qualquer indicador oficial, que demonstra a maior mortalidade pelo COVID entre a população negra e periférica. Essa situação é agravada pela política negacionista desse governo que promove o sucateamento do Sistema Único de Saúde (SUS).

O governo de São Paulo, na mesma trilha do governo federal e seus aliados, tornou o estado o epicentro da pandemia, ao negligenciar a situação daqueles que deveria proteger, deixando milhares de mortos e famílias fragilizadas .

Neste momento, em que a democracia está ameaçada pelo crescimento do fascismo, do racismo, do patriarcalismo, do fundamentalismo, nós mulheres negras nos somamos a todas as forças que lutam pelo fim do governo Bolsonaro e todos aqueles que ocupam espaço de poder e compactuam com sua necropolítica.

Erguemos nossas vozes contra o encarceramento em massa, o capacitismo, a lesbofobia, a transfobia, a intolerância religiosa, a xenofobia, o etarismo e em defesa de todas as Mulheres Negras, onde quer que elas estejam. Resgatamos nossa aliança de parentesco com as indígenas e marchamos pela construção de um novo marco civilizatório, no qual todas as mulheres negras possam viver com dignidade, alegria e prazer.

Reafirmamos nossa luta através da arte, na música, na poesia, na dança, no teatro, na moda, no cinema reafirmando nosso compromisso com nossas artistas negras que foram o norte para toda uma geração e deixaram um legado de beleza e resistência para todas nós.

Somos mulheres negras, indígenas, lésbicas, bissexuais, trans e travestis, quilombolas, ativistas e ciberativistas, jovens, idosas, estudantes, educadoras, donas de casa, militantes, artistas, desempregadas, profissionais liberais, profissionais do sexo, servidoras públicas, comunicadoras, professoras, catadoras de recicláveis, profissionais da saúde, defensoras de direitos humanos, parlamentares, jornalistas, católicas, protestantes, de terreiro, sem religião, mas com fé na força de cada uma de nós.

Confira a programação:

A nossa diversidade é a nossa força! Somos feitas de luta, coragem, resistência, ousadia e afetos.

Junte-se a nós!

Marcha das Mulheres Negras de São Paulo | 2020

facebook.com/mmnegrasSP

instagram.com/marchadasmulheresnegrassp

JORNALISTA NEGRA PROCESSA JAIR BOLSONARO

Nesta terça-feira, 23 de junho de 2020, a jornalista Bianca Santana ingressou com ação de indenização por danos morais contra Jair Bolsonaro por tê-la acusado falsamente de disseminar fake news. Em transmissão ao vivo que realiza toda quinta-feira em suas mídias sociais, Jair Bolsonaro menciona o nome da jornalista, sua ocupação como blogueira e a acusação de que é propagadora de notícias falsas, ao tentar vinculá-la a uma reportagem que ela nunca escreveu.

Diferentemente do intencionado e alegado pelo Presidente da República Jair Bolsonaro, a jornalista Bianca Santana jamais publicou qualquer texto que envolvesse o Partido dos Trabalhadores (PT) e suas ações judiciais no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com uma simples busca online pelo título lido por Jair Bolsonaro em sua transmissão é possível se verificar que trata-se de publicação de 16 de outubro de 2018, escrito por outra pessoa.

 Qual o interesse de resgatar uma notícia de dois anos atrás e imputar a Bianca Santana a responsabilidade por ela? Este é um dos questionamentos presentes na ação judicial. Talvez não seja coincidência a acusação ter sido feita na semana do julgamento contrário à federalização do caso Marielle Franco, quando a jornalista escreveu um artigo publicado no Portal da UOL questionando o interesse e as vinculações da família Bolsonaro à milícia acusada de mandante e executora do assassinato de Anderson Gomes e Marielle Franco. A transmissão semanal feita por Jair Bolsonaro já é reconhecida como um espaço de constante ataques a jornalistas que escrevem críticas à sua gestão. A ação judicial proposta destaca que constantemente o direito à liberdade de expressão e direito à informação são cerceados nestas transmissões realizadas por Bolsonaro.

Além de prejudicar a reputação dos jornalistas, torna-os vulneráveis para receber ataques digitais de seguidores do bolsonarismo. Segundo a Federação Nacional dos Jornalistas (FNAJ), 208 ataques a veículos de comunicação e jornalistas foram registrados no Brasil ao longo de 2019, um aumento de 54% em relação a 2018. O Presidente Jair Bolsonaro foi responsável por 58% destes ataques. A carreira profissional de Bianca Santana tem sido desenvolvida dentro de parâmetros de integridade e lisura, bem como ao compromisso com a busca pela verdade e justiça social.

Bianca Santana é também uma referência do movimento negro brasileiro. Não é possível que seja acusada de propagar “fake news”. Uma grave acusação, sem nenhum amparo. Tal ato pode impactar de forma negativa sua trajetória profissional como jornalista. Como reparação ao dano causado, a ação judicial pleiteia a retirada do trecho do vídeo que a acusa falsamente, bem como uma retratação pública de Jair Bolsonaro. 

Referências:

Artigo de Bianca Santana publicado no Portal Uol: 

https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/bianca-santana/2020/05/26/por-que-querem-federalizar-as-investigacoes-do-assassinato-de-marielle.htm 

Artigo de Bianca Santana publicado no The Guardian:

 https://www.theguardian.com/commentisfree/2020/jun/22/jair-bolsonaro-fake-news-accusation-marielle-franco 

Artigo falsamente imputado à Bianca Santana por Jair Bolsonaro:

 https://www.huffpostbrasil.com/2018/10/16/pt-tem-propaganda-barrada-pelo-tse-fake-news_a_23562644/ 

Link da ação judicial: 

https://uneafrobrasil.org/wp-content/uploads/2020/06/BiancaSantana_AcaoIndenizacao_Bolsonaro.pdf 

Vídeo da transmissão online ainda disponibilizado nas mídias sociais de Jair Bolsonaro – A fala ofensiva pode ser acompanhada se inicia aos 21m02s do vídeo e se encerra aos 21m36s. E está dsponível em https://www.youtube.com/watch?v=8aR7yYdoQLM.

 Contatos:Bianca Santana (jornalista e autora da ação): biancasantana@gmail.com

Mariana Belmont (comunicação Uneafro): marianabelmont22@gmail.com

Sheila de Carvalho (advogada da ação): sheila@carvalhosiqueira.com.br