REISADO DE ITANHAÉM de 26/12/2022 a 05/01/2023

ITANHAÉM, cidade litorânea do Estado de São Paulo, é uma das mais antigas do Brasil (1532). Possui cerca de 100.000 habitantes, lindas praias, muita história e uma economia bastante ligada ao Turismo. A tradição das Folias de Reis está presente na sua vida cultural através do REISADO DE ITANHAÉM que revive a visita dos Reis Magos ao Menino Jesus.

Os “Reis” anunciam a presença do Menino-Deus no meio de sua gente, no peixe enrolado na rede para saciar a fome…, na mandioca transformada em manema para o café da manhã e o peixe ensopado…, no arroz que socado dá o cuscuz de tão fortes encontros em festivas alvoradas…, na paisagem que marca cada coração sensível com sua beleza, em memorial fascínio…, na tradição que se enraíza, mais e mais, no seio dos que amam o chão de pedra e areia da nossa querida Itanhaém…

Um pouco da História

De origem portuguesa, ligado ao início da Vila Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém e voltado mais aos moradores do centro da cidade, o Reisado de Itanhaém (“os Reis”) era constituído por um pequeno grupo só de homens. Em sua maioria eram instrumentistas de sopro, destacando-se os tocadores da tuba, do bombardino e do trombone, que juntos com o Puxador e o Coro acordavam os moradores nas madrugadas do início de cada janeiro. Preparavam a chegada do Dia de Reis (6 de janeiro) e arrecadavam prendas para a Festa de São Sebastião que era realizada na cidade.

Por muitos anos essa foi a marca dos Reis de Itanhaém: na madrugada,  a tuba, com seu som grave ao longe tocando, anunciava o  “Acordai se estais dormindo…” e dava as “Boas Vindas” para o novo ano que iniciava. Mais tarde os instrumentos de cordas e percussão foram se incorporando até substituí-los por completo. Agregaram-se também a Bandeira do Reisado, camisetas, mensagens, figurantes representando os Três Reis Magos e suas prendas acrescidas da simbologia local caiçara, como as Conchas e as folhas do Peguassu. Hoje o grupo conta também com a participação das mulheres, jovens e crianças.

Quando acontece

No tempo que Itanhaém era constituída basicamente pela Vila ao redor da Matriz, Casa de Câmara e Cadeia e no sopé do Morro do Itaguaçu (Convento), “os reis” saíam apenas na noite que antecedia a Epifania (06 de janeiro). Com o crescimento da cidade e dos interessados, as saídas hoje, acontecem por volta de 9 noites entre 26 de dezembro e 06 de janeiro, sempre a partir das 23h até por volta das 4h da manhã, percorrendo, ao total, cerca de 130 casas.

O ritual

Sempre por volta das onze da noite, o grupo se reúne e sai em caminhada para visitar as casas. Existe um roteiro que não é divulgado e que muitas vezes sofre alterações de dias e horários. O elemento surpresa da visita é cultivado para melhor dar sentido ao “acordar” ou ao “vimos dar as boas vindas”.

Diante da casa, em silêncio, alguém anuncia a chegada, geralmente com palmas ou através da campainha, e logo em seguida o puxador inicia o canto, com versos da “entrada” e do “pedido de prendas”  acompanhado do coro e músicos. Só ao terminar o canto, o dono da casa deve acender a luz e abrir a porta, quando os “reis” se apresentam e ofertam o “incenso, o ouro e mirra”, representados por conchas e folhas do peguaçu.

Entrega-se a mensagem escrita. A Bandeira, que nesse momento está sempre à frente do cortejo, é passada às mãos de quem atendeu que a beija com devoção e a leva para abençoar os cômodos da casa. A família doa então uma prenda ou faz uma oferta em dinheiro.

Encerrando a visita o Reisado canta os versos de “agradecimento e despedida” e sai em direção a uma nova moradia.  Em algumas delas acontece a “acolhida”, quando o grupo é convidado a entrar e lhe é servido um lanche. Nessa hora é sempre feita uma cantoria de músicas tradicionais da cidade que é concluída com a Oração do Reisado.

Texto Ernesto Bechelli

Informações: reisadodeitanhaem@yahoo.com.br

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